Upstream FAQ

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Mr_QuIm
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Upstream FAQ

Mensagem por Mr_QuIm »

Upstream FAQ

Após ter participado em algumas discussões sobre este assunto, passo a partilhar convosco a minha opinião pessoal na resposta a algumas perguntas. Isto parece-me pertinente porque numa época em que toda a gente fala desbocadamente sobre "banda larga" a situação está efectivamente na vizinhaça do rídiculo. Como alguém já escreveu publicamente "qualquer dia temos serviços 100Mb/384Kb".

Acrescento: o Google não poderia ter nascido numa garagem portuguesa.


1) Porque é que os débitos de upstream são tão baixos nos serviços ADSL e Cabo em Portugal?

As razões são várias:

a) As tecnologias são assimétricas por natureza [1,2] ... Isto é verdade mas não justifica de forma alguma as classes de tráfego como estão definidas em Portugal. As normas iniciais do ADSL já suportavam até 1Mbit de upstream e já me foi confirmado *verbalmente* que os DSLAMs existentes em Portugal o permitem.

b) O limite no upstream é o "cap" do tráfego p2p nacional. Ao aumentar este limite o tráfego p2p vai aumentar imediatamente, e os ISPs não estão particularmente interessados nisto (questões legais, tráfego trocado no GigaPix, ...).

c) Os circuitos com upstreams superiores a 512Kbps, que em Portugal são vendidos invariavelmente como “circuitos dedicados”, são extremamente dispendiosos (um circuito G.SHDSL 2Mbit simétrico pode custar entre 300 e 700 EUR mensais dependendo da capacidade negocial da empresa e da quantidade de serviços contratados). Por esta razão os ISPs acreditam que estão a proteger este mercado ao limitarem os débitos upstream do ADSL.

d) Os ISPs possuem serviços de datacenter/alojamento, e ao limitar os débitos de upstream estão a proteger este negócio, impedindo os clientes de se tornarem mais autónomos a nível de disponibilização de serviços e conteúdos.

Referências:

[1] http://en.wikipedia.org/wiki/ADSL
[2] http://en.wikipedia.org/wiki/Cable_internet


2) É expectável que a situação vá mudar de futuro?

A situação só poderá mudar quando os ISPs se aperceberem de que:

a) Os clientes pretendem maior flexibilidade na utilização que fazem do serviço de internet que contratam, incluindo alojamento do serviços

b) Ao tentarem proteger certos segmentos de negócio (ver acima) os ISPs estão a eliminar outros segmentos. Por exemplo, há muitos clientes potencialmente interessados em pagar um serviço um pouco mais caro, com um melhor upstream mas que nunca estarão interessados nos serviços dedicados cujo patamar de custo lhes é inacessível. Dada a diferença de custos, este tipo de cliente (tipicamente PME) acaba por se manter no serviço mais básico o que conduz a perda de negócio. Repare-se que mesmo que passe a ser disponibilizado com upstreams melhorados um serviço ADSL não terá o mesmo "nível de serviço" que um circuito dedicado (contenção, taxa de disponibilidade, prazos de reparação, etc) pelo que a diferença de custos continuará a fazer sentido.

c) Não se pode aumentar indefinidamente o débito downstream sem aumentar o upstream, visto que todo o tráfego TCP está sujeito ao respectivo tráfego de "acknowlege" [4] que flui no sentido inverso. Isto pode ser rigorosamente calculado em função dos tamanhos dos pacotes enviados. No entanto um simples teste sobre ADSL com ferramentas acessíveis a todos (wget, iptraf) permite obter que:

%tcp upstream rate ~ 1,84 %

de onde se obtém:

2 Mbps => 36.80 kbps
4 Mbps => 73.61 kbps
8 Mbps => 147.22 kbps
16 Mbps => 294.45 kpbs
20 Mbps => 368,06 kbps
24 Mbps => 441,67 kbps

Os valores acima referem-se a débitos efectivos a nível IP, ou seja os débitos calculados pelas aplicações, medidos sobre um serviço ADSL.

Para se poderem comparar com os débitos anunciados pelos ISPs com os débitos efectivos é necessário descontar os overheads dos protocolos subjacentes: Ethernet para serviço de Cabo e PPP+Ethernet+ATM para serviços ADSL [3].

No entanto a existência de overheads não afecta a relação entre os valores, pois afecta ambos os lados da "equação" acima.

Daqui conclui-se que por exemplo o serviço 24/400 vendido pela clix [6] é matematicamente impossível, porque a taxa máxima atingível num download isolado está limitada pelo débito de upstream disponível que ficará saturado antes de se atingir o valor máximo downstream.

A Netcabo parece ter tomado a primeira iniciativa no sentido de aumentar as taxas de upstream disponibilizando o serviço Netcabo Pro com débitos 8Mb/1Mb [5].

Referências:

[3] http://tldp.org/HOWTO/ADSL-Bandwidth-Management-HOWTO
[4] http://en.wikipedia.org/wiki/Transmi...ntrol_Protocol
[5] http://www.tvcabo.pt/Internet/SpeedProMais.aspx
[6] http://acesso.clix.pt/internet/adsl_...eristicas.html


3) Que alternativas económicamente viáveis existem para aumentar a taxa de upstream?

Enquanto a situação de mercado não se altera, uma alternativa a contratar um serviço dedicado é contratar N vezes o serviço de melhor upload disponível, à custa de algum investimento em tempo de configuração.

Por exemplo um serviço com 2 Mbits pode “conseguir-se” com dois serviços Netcabo Pro 8Mb/1Mb tendo em conta que:

- é necessário ter um servidor ou router com 2 interfaces de rede
- é necessário configurar DNS round robin [7] – vários Ips para o mesmo hostname
- só se conseguem obter 2Mbits no somatório do tráfego; cada ligação individual está limitada a 1Mb mas estatisticamente conseguem-se os 2Mbits

Referências:

[7] http://en.wikipedia.org/wiki/Round_robin_DNS
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